As letras competem por uma preciosa oportunidade
As letras do
Alef Bet estavam reunidas em volta de D’us, com muita expectativa e alvoroço.
Uma feliz letra seria escolhida em breve para iniciar a primeira palavra
sagrada da Torá, o mais precioso tesouro do mundo. Qual seria ela? Cada uma
esperava que D’us a escolhesse entre todas as outras e juntas clamavam por sua
atenção.
"Por favor, D’us, comece a Torá comigo!" gritavam todas juntas.
A letra Tav moveu-se para a frente. "D’us", gritou ela. "Sou a
maior de todas as letras! Sou Tav, a primeira letra da amada palavra Torá! Sei
que cada letra do Alef Bet corresponde a um número; meu valor equivale a
quatrocentos, o número mais alto de todos! 1 Não concordas que devo ser o
começo da Torá?
"Acho que não", respondeu D’us, "porque um dia te usarei como um
mau sinal. Muitos anos mais tarde, quando destruirei o Bet Hamicdash usarei a
ti Tav, para marcar os judeus que merecem morrer."
"Nesta época", continuou D’us, "ordenarei ao Anjo da Morte para
voar sobre Jerusalém e escolher os judeus que são Tsadikim (justos). Na testa
de cada Tsadic ele marcará a letra Tav com tinta invisível."
"O Tav significará a palavra hebraica "tu viverás" e aos judeus
assim marcados será permitido viver a salvo de seus inimigos."
"Então ordenarei ao Anjo da Morte, ‘Separa os judeus que são perversos, os
Resha'im. Marque em cada testa do Rashá a letra Tav, não com tinta, mas com
sangue. O Tav sangrento significará a palavra hebraica "tu morrerás"
e os judeus perversos assim marcados serão destruídos por seus inimigos."
Você vê agora, Tav, porque não quero usá-la para começar a Torá: porque, um
dia, você servirá como sinal nos judeus que devem morrer."
Ao ouvir isto, Tav saiu profundamente desapontada.
A letra Shin veio para a frente esperançosa. Ela se inclinou e pediu em voz
alta:
"Por favor, D’us, usa a mim como a primeira letra de sua Torá! Depois de
Tav sou o número mais alto do Alef Bet, igual a trezentos. Eu sou até o começo
de um de seus nomes sagrados, Sha-dai."
"Absolutamente não," respondeu D’us, "pois, apesar de ser
verdade que és importante, inicias os nomes de coisas tão odiosas como shav,
que quer dizer "falsidade" e sheker, que quer dizer
"mentira". Odeio mentiras e falsidades. Construí Meu mundo sobre a
verdade."
Shin saiu abatida.
Isto não desencorajou Reish de se aproximar do trono de D’us. Ele sentiu que
tinha um argumento convincente. "Tem piedade de mim, D’us" pediu ela,
"e honra–me com o início de sua Torá. És conhecido como um D’us
Misericordioso e sou a primeira letra da palavra Rashum, que significa
‘misericordioso’. Também devo lembrar que sou o começo da palavra refuá,
‘curar’..."
A voz de Reish parecia embaraçada, pois sentiu que D’us ia recusar seu pedido.
Seus temores foram confirmados, pois D’us explicou: "No futuro, Moshê
Rabênu conduzirá os judeus através do deserto. Alguns judeus ingratos não irão
aceitá-lo como líder. Em seus corações irão resmungar, ‘Nós preferimos servir
ídolos no Egito a servir D’us como homens livres no deserto’. Eles vão gritar,
‘Vamos nos revoltar contra Moshê, escolher um outro líder e voltar para o
Egito’."
D’us perguntou: "Estás consciente, Resh que és a primeira letra da palavra
Rosh (líder) a ser clamada pelos judeus rebeldes?" "Para piorar as
coisas" continuou D’us, " és o começo da palavra Rá, que significa
‘maldade’ e Rashá, uma pessoa perversa." Reish compreendeu que não seria
aceita e concordou com relutância. Mais do que depressa, a letra Kuf agarrou a
oportunidade:
"Que tal eu?" falou. "Sou uma letra maravilhosa. Quando os
judeus forem rezar, irão me usar para começar a recitar a Kedushá. Irão
proclamar, ‘Cadosh, cadosh, cadosh, sagrado é ²D’us.’" "No
entanto," persistiu D’us, "não podes ser a primeira letra da Torá. És
o começo da palavra Kelalá, ‘maldição’. Não quero que as pessoas perversas
digam, "Quando D’us fez o mundo, Ele o amaldiçoou, por isso começou a Torá
com um Kuf."
Uma a uma, todas as outras letras se aproximaram do trono de D’us, tentando
tomar para si a glória de se tornar o começo da Torá. Elas persuadiam,
imploravam, pediam e argumentavam, mas inutilmente. D’us rejeitou todas elas.
Finalmente, ficaram apenas duas letras, Alef e Bet. Estas duas esperaram,
ficando mais tensas a cada momento. Bet estava tão nervosa que, após a longa
espera, o pequeno ponto dentro dela estremecia, como uma batida de coração.
"Por favor, D’us," exclamou meio excitada, meio soluçando, "eu
gostaria tanto de ser a primeira letra da Torá! Sou o começo de muitas coisas
boas. Seus filhos, os judeus, dizem seus louvores na s preces: "Baruch
D’us – louvado seja D’us; e ‘Louvado seja o nome de D’us para sempre’; e
‘Louvado seja D’us para sempre, amen, amen.’ Todos estes louvores começam com
um Bet!"
Desta vez, D’us concordou.
"Sim, respondeu Ele. "Começarei a Torá contigo. Bet é o começo de
Berachá, bênção. Quero que todo o povo da Terra saiba que o amo e o abençôo.
Por isso, a Torá vai começar com um Bet, com a palavra Bereshit."
Ao ouvir que Bet foi escolhida, Alef se afastou em silêncio.
"Alef", chamou D’us, "não queres pedir por ti também?"
Alef suspirou:
"Sou uma letra tão sem importância," disse com humildade. "Todas
as outras letras do Alef-Bet merecem muito mais do que eu. Bet é igual a dois,
Guímel a três, Dalet a quatro -– mas sou apenas um pequeno número, igual ao
número um."
"Ao contrário, Alef," exclamou D’us. "Alef, és o rei de todas as
letras! És um e Eu também sou Um, e a Torá é uma."
"Portanto, quando Eu der a Torá no Har Sinai, não vou começar com nenhuma
outra a não ser tu. Estarás no começo dos Dez Mandamentos: "Anochi",
D’us, Eu sou D’us."
domingo, 20 de maio de 2012
Bereshit (Gênesis) Capitulo da Midrash Rabáh (Toráh oral)
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